quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Balanço d'ano


Sorrir. Caminhar.
São estas as duas palavras de ouro para este ano recém-nascido. Sei que as adversidades continuaram a acontecer, que as lágrimas não iram secar, que a melancolia continuará a ser o meu estado de espírito preferido, etc. Porém, o meu pensamento está voltado para o presente e para o futuro. O passado já não me assombra nem consome como outrora.
Na maioria dos anos anteriores eu não sentia nada, tudo era um vazio. Sentia-me estagnada, sentia que não tinha conseguido nada. Porém, este ano que passou foi recheado de acontecimentos e mudanças. Houve muitos episódios apavorantes, é verdade, mas as coisas boas que conquistei – e as outras que o destino simplesmente me ofereceu – têm para mim um peso maior. Voltei a estudar – e alcancei bons resultados –, tive um romance de verão, voltei a sentir-me em paz física e psicologicamente. Mas o melhor de tudo foi ter conseguido derrubar todas as barreiras e estar hoje a fazer uma peça maravilhosa que se chama “ O meu pé de laranja lima”. Já há muito que tinha sede de desempenhar um personagem, mas esta conquista tornou-se ainda mais especial pelo facto de esta ser uma história lindíssima e pelo resto do elenco ser maravilhoso. Por norma tenho dificuldade em integrar-me, mas desta vez foi diferente. Os meus colegas de palco, os meus novos amigos, são bons – sinto-o, não sei explicar. «Um por todos e todos por um» seria esta a frase que escolheria para definir o espírito que é vivido naquela peça, desde o início. Todos temos defeitos, é óbvio, mas estamos todos a remar no mesmo sentido (o que é coisa rara de se ver no meio artístico). Existe ainda mais um motivo pelo qual me sinto abençoada por ter tido a oportunidade de fazer esta peça. A minha mãe. Desde pequena que tenho a sensação que ela me vai “abandonar” cedo de mais. Não sei porquê, mas já há uns anos que esta ideia não me sai da cabeça. E, como já disse, os anos anteriores não foram muito produtivo profissionalmente, logo essa situação mexia com a minha vida pessoal. Fui começando a enterrava-me em casa, cada vez me desinteressava mais pelas coisas, ponderei mesmo desistir da vida artística. Porém, a minha mãe, entre palavras e olhares de esperança – muita mesmo –, nunca deixou que isso acontecesse. Mas o tempo ia passando e nada acontecia. Toda aquela esperança que ela tinha em mim, em vez de me dar força, começou a fazer-me sentir uma fraude. Então, cada vez que ia a um casting, eu pedia a Deus uma última oportunidade. Só Lhe pedia que ele me ajudasse a conseguir um papel – numa, peça, numa novela, num filme – que fizesse a minha mãe sentir-se orgulhosa de mim e sentir que valeu a pena todo o esforço. «Posso não fazer mais nada para o resto da vida, mas ajuda-me a ficar com este papel… A minha mãe não se pode ir embora sem se sentir de facto orgulhosa».
Consegui. Foi tudo melhor do que aquilo que um dia desejei.
Missão cumprida.
Agora só me resta sorrir e caminhar.



Bom ano 2009