domingo, 17 de fevereiro de 2008

Está tudo dito(meu amor)

"Então está tudo dito,meu amor...
Por favor não penses mais em mim
O que é eterno acabou connosco
E este é o principio do fim!

Mas sempre que te vir eu vou sofrer
E sempre que te ouvir eu vou calar
Cada vez que chegares eu vou fugir
Mas mesmo assim amor, eu vou-te amar

Até ao fim do fim, eu vou-te amar!

Então está tudo dito, meu amor...
Acaba aqui o que não tinha fim
Para ser eterno tudo o que pensámos
Precisava que pensasses mais em mim!

Para ti pensar a dois é uma prisão
Para mim é a unica forma de voar
Precisas de agradar a muita gente
Eu por mim, só a ti queria agradar...

Mas sempre que te vir eu vou sofrer
E sempre que te ouvir eu vou calar
Cada vez que chegares eu vou partir
Mas mesmo assim amor, eu vou-te amar...

Até ao fim do fim...eu vou-te amar!"


Nunca antes tinha postado neste blog um texto ou um poema que não fosse de minha autoria mas, por força das circunstancias, quebro a rotina. Tudo porque este poema diz tudo o que há para ser dito, e eu nunca iria conseguir, sequer, aproximar-me desta descrição pura, simples e perfeita.
É atraves deste poema - perfeito - que inicio e termino o meu luto de amor!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

A tristeza hoje morreu...!

O Sol desta recém-nascida manhã matou a tristeza, sem que, esta, tivesse tempo, sequer, de se defender. Ele nasceu e, com os seus raios intensamente brilhantes, fê-la desaparecer! Com a tristeza morreram, também, as lágrimas, as mágoas e os medos. Por sua vez, os raios de Sol cintilantes alimentaram-me de prazer o olhar e, este, enviou a mensagem à minha alma. Esta, revigorada de beleza, fez-me sorrir dos pés à cabeça!
Nunca pensei que esta estrela tivesse tanto poder, mas ainda bem que assim é, pois, graças a este crime perfeito, hoje, sou alguém mais afortunado. Sinto-me em paz, iluminada e livre.
Hoje é o dia perfeito para as pessoas – principalmente as sós/sozinhas/solitárias – pararem…olharem…sentirem…e sorrirem!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Anabela's

Anabela talvez tenha sido a pessoa mais misteriosa que já conheci, até hoje. Devido a esse mistério, sinto uma certa dificuldade em descrevê-la. Mas, vou tentar fazê-lo, pois acho que, esta, é merecedora da pseudo análise, que com o passar do tempo, fui tentando fazer sobre ela!
Quando a conheci, Anabela devia estar na casa dos trinta. A primeira coisa que fez recair a minha atenção sobre ela, foram as suas vestes. Esta usava, habitualmente, umas primorosas roupas, dignas de uma verdadeira preceptora! Vestidos de peitilho; camisas a fazer panda com uns pequenos, e mimosos, casaquinhos; sapatos de meio salto e, muitas vezes, um travessão, que abraçava, graciosamente, os seus cabelos encaracolados. Estranhei as suas roupas pelo facto de ser pouco comum, vermos uma senhora da sua idade, trajar-se deste modo. Mas, rapidamente, essa estranheza desapareceu, dando lugar a uma nova inquietação.
O seu olhar era, aparentemente, vazio, sem brilho, sem emoções… O sorriso, que raramente se desenhava no seu rosto, também esse era contido – quase imperceptível. As palavras que os seus lábios articulavam, pareciam escolhidas ao pormenor. Anabela possuía ainda, um andar extremamente elegante e cuidado. Este conjunto de factores, foram os responsáveis pela conclusão que tirei, da minha primeira impressão. Anabela era, a meu ver, a rainha do auto controlo. Nem por um minuto, sequer, esta, deixava transparecer qualquer tipo de expressão, ou movimento, diferente destes que acabei de descrever. Não se fazia sentir, nesta mulher, um único acto espontâneo – no entanto, sempre me pareceu uma pessoa verdadeira, dentro de toda aquela armadura que, dia após dia, Anabela vestia!
Como é natural, em mim, não me contentei com esta primeira impressão. Eu sabia que tinha de haver uma explicação para toda aquela aparência, exageradamente racional. Disfarçadamente, fui dispensando grande parte da minha atenção, àquela “mulher mistério”.
Foi então que, a minha sensibilidade me disse que, Anabela era uma pessoa tímida, que enfrentava alguns momentos de solidão, que resultavam numa ligeira tristeza. Uma mulher carente de afectos, que para se proteger do mundo ( que muitas vezes a magoava), ou talvez, até, para se proteger de si mesma, obrigou-se a ser um pouco fria.
São, para mim, estes os motivos da tal postura de extremo auto controlo, que sempre vi em Anabela. Se este meu diagnóstico é, ou não, a alma gémea da postura que Anabela mostra ao mundo, sinceramente não o posso garantir. Mas, de uma coisa tenho a certeza. Anabela tem um Ser maravilhoso, abrigado dentro de si. Existe, nela, muitas coisas bonitas, para partilhar com o mundo – do qual ela foge! Amor, carinho, ternura, amizade e sabedoria – com toda a certeza -, são uma dessas coisas bonitas…
Acalma-me acreditar que, um dia, alguém (especial o suficiente para perceber o Ser bonito que Anabela é), consigo se irá cruzar, e então, a irá convidar para, a seu lado, ir conhecer este jardim florido e perfumado, que é a vida!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Boas e velhas recordações, amigas


Encontrava-me eu, numa estação de metro, a caminho do Teatro Municipal São Luís – o meu local de trabalho, actual -, quando me cruzei com uma antiga colega de escola, Sara Brás.
Sara – talvez quatro anos mais nova que eu -, partilhava comigo, ocasionalmente, os curtos intervalos entre uma aula e outra. Esses escassos minutos eram preenchidos a jogar pingue-pongue. Foi com ela que desenvolvi o meu gosto por este pacato desporto. Nunca tecemos grandes diálogos, mas esta, sempre me pareceu uma jovem simpática e simples.
Começamos, timidamente, a conversar. Soube, então, que ela, actualmente, frequenta as aulas de piano, no conservatório de música, e que está a concluir o décimo segundo ano. Eu contei-lhe que, de momento, estava a fazer uma peça de teatro e que tinha retomado os estudos. Sara mostrou-se, como antigamente, simpática, demonstrou-me a sua satisfação por eu continuar a fazer o que gosto, e encorajou-me a não desistir novamente dos estudos.
O seu olhar sereno e a sua maneira de falar tranquila, ofereceram-me uma certa paz interior e um sorriso saudoso… Foi bom ter-me cruzado com ela, embora nunca tenhamos sido grandes amigas, neste encontro relâmpago, foi essa a sensação que me deu, sentia como uma velha e boa amiga.
Depois de nos despedirmos, lembrei-me da sua mãe, que na altura em que eu frequentei aquela escola, fazia parte da direcção do Conselho Executivo. Tive o prazer de a ter como professora de História, no meu oitavo ano. Sem duvida, que, Lurdes Brás, foi a professora mais original que tive, em todos estes anos escolares! As suas aulas eram super divertidas, com um intenso toque teatral, para meu espanto – pois até à data, estava habituada a assistir a uma aulas de História entediantes. Lurdes era, simultaneamente, encenadora e actriz nas suas aulas. Encenava qualquer matéria e desempenhava todo o tipo de personagens que esta contivesse. Era desta forma que ela captava toda a atenção dos seus alunos, e também, toda a admiração dos mesmos.
Uma mulher extraordinária, sem duvida. Ao mesmo tempo que desempenhava, eximiamente, as árduas funções – que lhe competiam como elemento do conselho executivo e como professora –, esta, quando necessário, despia essa farda, transformando-se numa fantástica conselheira – amiga!
Não é de estranhar que, Lurdes Brás, seja alvo de uma enorme admiração, e de um terno respeito, consensual – quer da parte dos alunos, quer da parte dos professores!

Como é bom terminar o meu dia com recordações tão boas, como estas.
Foi um prazer…
Obrigada Sara, por uns minutos, minha velha e boa amiga!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

“ (…) Órfã de pais vivos (…)”

“ (…) Órfã de pais vivos (…)”
Não sei precisar se li, ou se ouvi, esta frase. Apenas sei que esta nunca mais me saiu da cabeça. Em primeiro lugar, porque é uma frase poeticamente muito bonita, mas principalmente, porque me soa a familiar.
Embora saiba que os meus pais me amam, muitas vezes sinto-me órfã, de ternura, amor, acolhimento. Eles não sabem expressar o amor que me têm – porque têm, pois este é inerente ao sangue que nos une. Ás vezes, nas poucas noites em que nos encontramos os três juntos, sinto que eles até gostariam de demonstrar, em gestos, que são meus pais, mas raras são as vezes que o conseguem. Há qualquer coisa que trava os seus carinhos. Um desses impedimentos, por vezes sou eu, que por falta de hábito os renego. É com alguma estranheza, e também com muitas defesas, que poucas vezes deixo que qualquer gesto mais caloroso entranhe em mim.
Ao pensar mais seriamente nesta situação, deduzo que será por medo de um dia poder vir a sentir falta destes sentimentos e não os encontrar, então penso, se não os conhecer, não poderei sentir a falta dos mesmos.
Quantas vezes me apeteceu cuidar dos meus progenitores...
Quando vejo o meu pai mais em baixo, muitas são as vezes em que me apetece ser mais que sua filha de sangue, desejo ser sua amiga e ganhar coragem para o aconselhar, o beijar, e dizer que gosto dele, que tenho muito orgulho pela sua força de vontade. Mas não consigo, tenho medo que toda esta ternura seja por si renegada ou incompreendida.
Quando vejo a minha mãe doente, com dores e sinto a infelicidade nos seus olhos, só me apetece sentá-la ao meu lado e despejar em cima do seu coração todo o amor que tenho guardado em mim, e que lhe pertence. Mas nem um único gesto meu é valente o suficiente para desobedecer ao meu medo de rejeição. Nem uma única palavra foge do meu coração, nem uma.
Tenho tanto medo de nunca ganhar coragem, para lhes demonstrar que sou de facto mais que uma filha de sangue, para lhes dizer que o meu amor também os abraça a eles.
Por culpa deles – e das suas infâncias pouco sorridentes e calorosas.
Por culpa minha – de ter herdado as consequências das suas infâncias infelizes, sem sequer as questionar ou de lhes ensinar outra forma de viver.
Toda esta situação, por vezes, faz-me sentir órfã de pais vivos.