quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Longe de mim


À algum tempo que nada escrevo.

Sinto falta do cheiro do papel; da sensação da tinta a deslizar na folha imaculada...

Por outro lado, tem-me sabido bem esta estabilidade em que me encontro. Tal como muitas das pessoas que escrevem, também eu tenho a sensação que é a tristeza que me faz escrever. É ela a poetisa, a filosofa, a escritora. O mérito afinal é dela e não meu!

Quando a tristeza não me visita escasseiam-se as palavras. A minha alma fica vazia de beleza - tudo é supérfulo...

Mas, não me ralo. Sei que mais cedo ou mais tarde ela há-de vir bater-me à porta.

Por enquanto vou sorrindo!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

É mentira


Terei de te dizer
Que tudo está bem,
Serei forçada a soltar tua mão…
Não posso continuar a consumir-te,
Como tenho feito até então!
Terei de fazer o que mais abomino: mentir
Mentir-te para te proteger, para me proteger…
Saber-me um fardo para ti
É algo que não aguento sentir ser,
Se não me basto a mim mesma
Prefiro por um fim,
Esperar pelo teu sorriso, para me sentir viva,
Não é o fado que um dia compus para mim!

domingo, 18 de maio de 2008

Quem...


Tuas lágrimas, quem as seca
Teus cabelos, quem os afaga
Teu rosto, quem o acolhe
Tuas mãos, quem as entrelaça…

Teu coração, quem o aquece
Teu corpo, quem o embala
Tua alma, quem a escuta
Tuas dores, quem as acalma…

Teus medos, quem os percebe
Teus passos, quem os sente
Teu sorriso, quem o conhece
Teus silêncios, quem os preenche…

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Obrigada!!!


Quando me acomodo no sofá, cansada do meu próprio cansaço,
E as lágrimas teimam em nos meus olhos nascer,
Apareces-me tu – como se o meu anjo fosses –
E concedes que contigo divida o meu sofrer.
Tens-me feito sorrir, tanto…
Ofereces-me melodias, que me fazem fantasiar.
Algumas chorar!
Roubas-me sorrisos
Porque crês em mim,
Porque me fazes acreditar, que é possível viver
Apesar desta dor que nos mói ao entardecer.
Tu descodificas-me, sempre tão bem
Porque me ouves, porque te ouves,
Com ouvidos de quem quer ver
E quem escuta assim sabe mais. Agonia-se mais.
Assim são, eternos apaixonados
Os poetas, embriagados de sentimentos
Que não cabem nas palavras que escrevem…
Imprudentes Seres insaciados,
Idealistas inconformados.
Porém, não rejeitam a dádiva de ver… mais além.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Não vou desistir

Se me pudesses sentir a voz, se conseguisses ouvir meu coração!
Descobririas como, noite após noite, eu choro só para te amar um pouco mais.
Eu choro para não te esquecer.
Eu choro, compulsivamente, na expectativa que as minhas lágrimas ganhem força suficiente para irem ao teu encontro, estejas tu onde estiveres.
Anseio que elas te segredem, na noite escura e silenciosa, que eu ainda te amo.
Que eu ainda te espero.
Que eu ainda sou só tua, como na primeira noite em que fizemos amor!
Talvez as minhas lágrimas apaixonadas descubram a palavra-chave, que eu desconheço, e abram de novo o baú, guardado algures no teu coração.
O baú onde enclausuraste a nossa história de amor.
Tenho a certeza que se a conseguir libertar, ela seguirá rumo à felicidade.
Nós teremos um final feliz!
Só ela tem o poder de te fazer desistir dessa louca ideia de partires, mas para isso acontecer tu tens de a libertar.
Tens de a deixar ganhar corpo, voz e vontade própria!
Não vou desistir de chorar até conseguir construir um mar só nosso, que nos permita navegar livre e apaixonadamente, como outrora fizemos.


sábado, 10 de maio de 2008

Sou actriz


O meu teatro
É o palco da vida
O meu publico
São todos com me dou

Assim que saio do meu casulo
Começo logo a sorrir, mas
Por dentro meu coração chora
Pergunta-me porque teimo em fingir

Ele não compreende porque sorrio
O meu publico não compreende porque choro,
Nenhum deles percebe o que estou a sentir
Ninguém sabe da minha vontade de fugir

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Esquecer-te


Esquecer o teu sorriso
Já era um grande passo
Não cobiçar os teus beijos
Não sentir carência do teu abraço

Tropeçar num novo amor
Amá-lo um terço do que te amo
Quiçá fosse suficiente
Para me olvidar que já não te tenho

Esquecer-me de ti
Não mais reviver o teu olhar
Era tudo o que queria
Talvez assim reconquistasse o dom de sonhar

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Chagas



Hoje acordei com saudade de amar
Abri a porta, sai para a rua
Corri pela cidade de Lisboa
Com a alma completamente nua.

Procurei calor
No bêbado caído na esquina
Procurei o abraço
Na mais humilde varina

Nada encontrei
Nada eu vi,
Apenas lágrimas achei
Apenas lágrimas senti

Lágrimas de fulgor
Lágrimas de paixão
Lágrimas de amizade
Lágrimas de solidão…

Lancei-me ao Tejo e,
Como bom português que é,
Acolheu-me com um abraço
Quem sabe com um beijo

Ali ficámos, calados
Alguns minutos
Quem sabe horas
Ou até mesmo dias…

Não sei nem preciso saber
Sei apenas que de tanto chorar
A dor que guardava no peito
Se fez desaparecer!

A minha mente ficou vazia,
Como se eu tivesse acabado de nascer
Tudo o que sempre desejara
Estava a acontecer:
Não sentia, não recordava
Não ouvia meu coração bater.

O sol brilhava tanto naquela manhã
Como nunca outrora vi,
Gaivotas sobrevoavam-me
Pareciam dançar para mim.

Quando me apercebi
Estava a ser levada pelo Tejo,
Estava novamente a ser violada,
Mas que podia fazer?

Nada: não sentia, não recordava
Meu coração não batia…
Só minh’alma falava, mas de que me servia?
Ela chorava mas minha mente não respondia.

Mais uma vez abusada
Mais uma vez sofrida
Mais uma vez desapontada
Mais uma chaga na vida!

Preciso de ti


Preciso sentir-me amada
Preciso sentir-me desejada
Preciso esbanjar este amor,
Este amor que trago em mim, que
De há tanto tempo estar fechado
Me provoca tanta dor

Passo noites a chorar,
A chorar por alguém
Um alguém que nunca tive
Um alguém que nunca vem…

Faço preces à noite escura,
Ás estrelas, ao luar
Sendo que a noite é de todos
Talvez ela saiba onde te encontrar.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Hoje


Meu coração pesa hoje
Muito mais do que ontem…
Inundado de saudade,
Afogado por recordações,
Meu coração bate hoje
Menos do que ontem!

Meu coração chora hoje
Muito mais do que ontem…
Lágrimas invadem-me o olhar,
Embargam-me o sorriso,
Meu coração vive hoje
Muito menos do que ontem !!!

sábado, 26 de abril de 2008

Tudo o que (não) quis


Quis parar o tempo
Tantas vezes
Parar o tempo,
Descansar ou morrer,
Só uns segundos…
Quis poder ressuscitar
Aprender a sobreviver
Apenas viver

Quis controlar o tempo
Tantas vezes
Acelerar o tempo,
Não parar, apenas viver
Só uns segundos…
Quis apaixonar-me
Aprender a amar,
Apenas amar-te

Quis tudo
Nada eu quis,
Parar o tempo
Acelerar o tempo
Descansar ou não parar.
Nunca soube nada
No devido momento!

Quis morrer (me)
Enquanto em ti eu vivia.
Quis viver (te)
Já -só- quando para ti eu morria.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Era uma vez nos "Cabeças no Ar"

Preciso contar-vos o que a minha voz não consegue dizer. Talvez nem as minhas palavras consigam exprimir todo este estado de graça que, todos vós, me estão a fazer sentir. Mas talvez se olharem para os meus olhos, ou quem sabe até para o meu coração, percebam a felicidade que vagueia em mim.
A felicidade que me faz sorrir!
Não é ilusão.
Não é ingenuidade.
É apenas paixão. Paixão pelo que estamos a fazer. Paixão por todos vocês.
Paixão por esta alegria.
Este companheirismo.
Esta união.
Paixão por haver entre nós amizade.
Uma amizade que acredito ser pura.
Acredito ser verdade!
Vejo nesta peça algo especial…
Talvez seja a magia das palavras e da melodia que temos vindo a dizer e a cantarolar.
Seja lá o que for o que me faz sentir assim este pedaço da minha vida, quero apenas dizer que é muito bom estar aqui.
Desde o momento do café e do cigarro até ao ultimo aplauso!
Estas palavras, acreditem, vêm do lugar mais puro do meu coração.
Cada virgula, cada metáfora, cada ponto de exclamação.
Só as escrevo e as exponho aqui para vocês – todos –, porque gosto de vocês.
Porque acredito em vocês, acredito em nós!
Era urgente para mim que vocês soubessem o quanto significam para mim.
Esta é a minha forma de retribuir e agradecer o facto de poder fazer parte desta pequena magia que a grande maioria sabe existir!
Obrigada.
Obrigada por me fazerem sorrir.
Obrigada por me fazerem acreditar!

domingo, 13 de abril de 2008

Ponto final, parágrafo!


Obrigada Senhor!
Finalmente atendes-te o meu pedido.
Não lhe controlaste os passos nem as palavras – como eu no fundo tinha esperança que o fizesses –, mas controlaste-lhe os movimentos!
Ele telefonou-me.
Passei oito horas numa camioneta, a realizar na minha cabeça as cenas que gostaria que ambos protagonizássemos, no suposto reencontro.
Afinal, não houve reencontro.
Não houve declarações de arrependimento.
Não houve lágrimas de amor.
Não houve o tão esperado beijo, com que eu sonhava desde a última vez que estivemos juntos, há meio ano atrás…
Um banal telefonema!
Apenas as nossas vozes estiveram juntas. Foi através das nossas vozes desafinadas que colocámos o ponto final na nossa história de amor.
Não quero agora recordar pormenores: as suas palavras controversas; o litro e meio de lágrimas que, compulsivamente, dos meus olhos saltavam e as outras tantas que o meu orgulho abafou, etc.
Já me basta não me conseguir habituar à ideia de, após três anos de angustia – da minha parte -, tudo acabar sem ao menos puder ver, uma ultima vez, o seu olhar!
Já me basta a frieza e a brutalidade com que tudo terminou.
Seja como for, escutasTe a minha prece. O fugidio ponto final está agora no seu devido lugar.
E agora…
Agora já posso voltar a pensar em viver.
Agora não existem reticências e interrogações.
Agora não há mais razões para esperar pelo passado.
Doeu-me muito.
Dói-me horrores!
Mas… obrigada Senhor.
Obrigada por não me deixares mais à espera – morta – mais meia dúzia de meses ou anos.

Para além de regressar a casa com a certeza que tudo acabou, levo também comigo uma grande lição: ninguém neste mundo – seja quem for – vale mais do que nós próprios.
Não se pode gostar tanto de uma pessoa, a ponto de a sobrepor-mos a nós mesmos.
Ninguém é tão especial assim que mereça esse amor todo, essa dádiva!
Até porque, quer queiramos quer não, quando damos amor a alguém esperamos sempre algo em troca: um sorrio, um olhar, uma palavra, um abraço, etc., – nem que seja inconscientemente.
Da primeira vez que damos não nos importamos com o silêncio, da segunda vez este ainda não mexe connosco, mas nas vezes seguintes o silêncio do outro lado começa a magoar muito!
Este tipo de situações não são boas para nenhuma das partes.
Assim, o melhor a fazer é nunca dar amor de mais.
Sabermos dosear bem o carinho.
Podia ser tudo muito mais belo, não fossemos nós – Seres Racionais – tão egoísta!
Talvez eu queira viver num mundo cor-de-rosa criado pela minha imaginação, mas na verdade não me parece assim tão difícil ser gentil e atenciosa com as pessoas de quem gosto – pelo menos com essas. Posso, por acaso, um dia estar mais ocupada ou distraída com alguma coisa, e então não prestar atenção aos que amo. Mas, adoptar esta postura no dia-a-dia, a mim soa-me a egoísmo.
Pareço estar a ser radical, é verdade. Mas esta é a minha maneira de ver o mundo.
Só quem sente na pele pode perceber o que digo, infelizmente.
Graças a Deus, ou não, existem muitas pessoas no mundo que parecem que nunca se sentiram abandonadas, à deriva. Parecem nunca ter ouvido apenas o silêncio da solidão.
Ainda bem? Talvez, mas a meu ver não.
Se cada pessoa no mundo já tivesse sentido um silêncio esmagador a cair-lhe nos ombros, talvez tivesse maior sensibilidade e disponibilidade para olhar à sua volta e dar a mão a quem precisa – e há tanta gente a precisar, calada!
Porém, este é o mundo a que pertenço, infelizmente…muito infelizmente!
«Se não os podes vencer, junta-te a eles».

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Ajuda-me Senhor!!!


Vou em busca do ponto final.
Esteja ele onde estiver, seja ele qual for!
Está quase na hora de cometer a maior loucura da minha vida. É certo que não foram muitas, mas nunca pensei ser capaz de cometer uma loucura de amor.
Eu que dizia que nunca iria sofrer por homem nenhum, sempre o gritei para quem quisesse ouvir!
E agora…
Agora, vivo há dois anos à espera do meu primeiro amor – embora ele não me dê qualquer notícia, qualquer réstia de esperança.
Agora, estou de partida para os seus braços.
Mas não sei se os vou encontrar.
Não sei se eles se vão abrir para mim.
Para falar a verdade, não sei para onde vou.
Apenas sei para onde quero ir: para junto de dele. É só o que quero.
Será pedir muito, meu Deus?
Ajuda-me a encontrá-lo!
Não Te peço que tomes conta dos seus sentimentos, ou que faças com que as suas palavras sejam as que tanto anseio ouvir. Não Te peço isso.
Peço-Te, sim, que tomes conta dos seus movimentos, dos seus paços.
Do seu caminho!
Peço-Te que faças com que o meu caminho se cruze com o dele.
Eu só quero ter uma resposta – sim ou não… tanto faz.
Só quero a resposta.
Preciso dela como do ar para poder viver.
Preciso dela para seguir o meu caminho, com ele ou sem ele.
Preciso é de seguir um caminho.
Tu és testemunha do quão à deriva eu ando.
Só Tu sabes como esta história de amor, cheia de reticências e interrogações, representa um gigante obstáculo na minha vida.
Ela bloqueia-me os movimentos, os sentimentos…a vontade.
A vontade de viver.
Por favor, diz-Lhe para ele vir ao meu encontro.
Ajuda-Me a voltar a viver.
Por favor, ajuda-me Senhor.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

De mãos dadas, como dantes: como sempre!


(porque não te deixas contagiar?há pessoas que são demasiado influenciáveis, outras que não se deixam influenciar nada! tu és a 2ª hipótese.)


Acabas-te de me dizer que gostavas quando eu te dava conselhos...Poucos minutos antes, eu tinha acabado de escrever as palavras que estão entre parêntesis.

Eu não sabia que tu davas importância aos meus conselhos, muito menos que, na sua maioria, os tinhas em boa consideração!
Fiquei tão contente – feliz mesmo.

Desisti de ler os teus emails porque achei que não havia nada que te pudesse dizer, capaz de te acalmar a alma. A sério.

Julguei já não ser importante para ti. E assim fui deixando que a nossa amizade perdesse a essência, que lhe é tão peculiar.

Uma amizade que é só nossa. Fomos nós que a construímos, não há outra igual.

A culpa é da ausência e dos medos que a vida nos vai impingindo.

Tenho saudades de ser tua amiga.

Os amigos reconfortam, chateiam-se, magoam-se, protegem-se, etc.

Já não te oiço os silêncios, como dantes!

Já não os conheço.

Há tanto tempo que não vejo o teu olhar.

Era ele quem me contava as tuas dores, só ele me segredava as verdadeiras palavras que existiam em ti, aquelas que precisavas de disparar, aquelas que os teus medos sufocavam. Agora, bordas as palavras de tal forma, e partilha estas com tantas pessoas que desconhecia serem tuas amigas (no importante valor da palavra que só nós conhecemos) –, que quando chegam a mim parecem vir ao engano.

Não digo isto por ciúmes, acredita. É apenas o que sinto.

Um dia passei os olhos por uma rapariga chamada Liana, que não se dava a ninguém.

Mais tarde vim a conhecer a Andreia, que se entregava a mim e a mais dois ou três amigos.

Nos últimos tempos, essa minha amiga Andreia tem-se revelado, à distância – sem que eu lhe possa ouvir o olhar –, outra pessoa.

Não é que eu me importe com a mudança, não. A mudança não me aflige, de todo. Aliás, acho que a tua mudança até tem sido para melhor.

Mas os céus que nos separam não me têm deixado aprender-te, outra vez.

E eu quero, juro que quero.

Mas sem o teu olhar, o nosso olhar, é tudo muito mais difícil.

Somos tão parecidas.

Tu bloqueias os sentimentos e eu bloqueio as palavras.

Sem querer, e sem o sentirmos, às vezes deixamos que se crie um vazio enorme entre nós.

Este demora tanto tempo a desfazer-se que, quando finalmente conseguimos preenchê-lo já chegou outra vez a hora de partires.

Não quero que as minhas palavras te magoem. Não quero.

Quero que elas nos elucidem.

Nos ressuscitem a espontaneidade da criança que há em nós.

Basta isso, porque o amor está lá… sempre esteve.

Os adultos teimam em deixar de dizer, em deixar de plantar, de regar...

Depois não tem o que colher!!!

Nem o silêncio dos teus olhos, nem os céus que nos separam, nem mesmo os as palavras extremamente bordadas e impessoais serão capazes de nos desenlaçar as mãos!


Adoro-te!

E agora espero não deixar, novamente, que as palavras nos morram.

Agora sei que alguns dos meus conselhos te são úteis.

Ainda precisas que te descubra o olhar e te adormeça os medos.

Isso basta-me para perceber que – sejas tu a Liana, Andreia ou outra qualquer – o teu coração é o mesmo, estejas tu onde estiveres.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Amor verdadeiro


Não aguento mais aprisionar as palavras.
Preciso de as disparar contra ti. É urgente.
Mas não posso fazer isso, não é justo. O que tens tu a ver com as minhas saudades, com as mazelas que elas me causam e com todas as coisas bonitas que tenho para te dar? Sim, porque eu tenho-as, sei que as tenho. É verdade que muitas já estão podres, admito. Mas não tenho culpa. Pois, se sou a primeira a oferecer-te o melhor de mim, se te quero sempre dar, com o maior prazer, o que tenho e o que não tenho, apenas pedindo em troca uma única coisa: que as recebas. Só preciso que te mostres interessado em receber as coisas bonitas que tenho em mim. Então, que culpa tenho eu de estar a apodrecer? Nenhuma. Foste tu que não as quiseste. Claro que, uma vez por outra, me escapou alguns soluços de dor. Mas só de vez em quando. Caramba!
Isso agora também já não interessa. Não as descobriste…não me descobriste. Acabei por me cansar. É-me legítimo. É extremamente cansativo passar a vida a mendigar um bocado de atenção. Quando ma davas eu ficava histérica. Depois passava dias e dias a recordar aquele momento delicioso. Recordava o momento até absorver a maior quantidade de carinho possível, até à última gota.
Mas isso não é vida para ninguém. Passar os dias a recordar o passado para conseguir alguma felicidade que me ajude a ultrapassar a solidão do presente. Que raio de vida é esta? Finalmente percebi que esta rotina não tem futuro. Pelo menos aquele que eu sonho um dia vir a viver. Por isso, acabou.
Vou olhar para mim, por mim. Não vou mais desistir de mim só porque tu não me dizes o que preciso de ouvir. Não vou permitir que mais nenhuma desilusão me faça sequer pensar em desistir dos meus planos. Vou caminhar a passos largos, rumo ao futuro – ao meu futuro.
Acabaram-se as mensagens voluntárias, as visitas surpresa, as palavras magica que te declamo sempre que delas necessitas. As palavras certas, na hora certa, sem precisares de abrir a boca para mas pedires. Acabou, percebes?
Eu também tenho coração, sentimentos, problemas.
Eu às vezes também choro de noite, também ando à deriva.
Mas a culpa é minha, eu sei. Eu é que te habituei mal… Mas sabes porquê? Porque te amava e quem ama é capaz de tudo. Quem ama perde o raciocínio. É o coração quem comanda todos os gestos. Mas, sem amor o coração enfraquece, adoece, morre. Chega uma altura em que já não consegue pensar e é a cabeça que volta a ter o comando da situação. Foi o que aconteceu connosco. Comigo. Tu não me alimentaste o coração. Deixaste-o morrer à fome. Foi então que recuperei o raciocínio.
Agora, finalmente, consigo ver as coisas como elas são. Eu amava-te, por isso adivinhava-te, adivinhava o que sentias. Já tu, nunca me adivinhaste, nem uma única lágrima foste capaz de decifrar.
Tu não me amas.
O amor só merece viver se for alimentado por duas pessoas. Caso contrario não é amor, é sofrimento.
Eu já amei e já sofri.
Agora quero, e vou, apenas viver.
Viver por mim!

domingo, 30 de março de 2008

Vida de artista

~

CORREM
AMAM-SE
GRITAM
PINTÃO-SE

HÁ SAUDADE
HÁ NERVOSISMO
HÁ DESEJO

TANTA ALEGRIA
TANTA TRISTEZA
SÃO TORBILHÕES DE EMOÇÕES
AS MINHAS
AS TUAS
AS DELES

VESTEM-SE
CANTAM
DANÇAM
FINGEM

É A MINHA CENA
É A DAQUELE
E A VOSSA TAMBÉM

PARTILHAM AMOR
PARTILHAM CARICIAS
PARTILHAM HISTÓRIAS DE VIDA
A CADA DIA QUE PASSA
HÁ MAIS SAUDADE DO AMANHÃ

É A MINHA CENA
É A TUA
É A VOSSA CENA
É A VOSSA PEÇA

DESPEM-SE
E DE UM MOMENTO
PARA O OUTRO
DEIXAM DE SER O TUDO
PARA SER O NADA
DEIXAM DE SER ALGUÉM
PARA SER O NINGUÉM...

Para as Mães, fies jardineiras!


As flores precisam ser regadas com frequência, se assim não for começam a murchar e, a longo prazo, acabam mesmo por morrer!

Para quê plantar uma flor se depois não cuidar-mos dela? Não é justo…
Acredito que se cada pessoa tivesse um jardineiro, que cuidasse fielmente de si, o mundo seria muito mais florido.

Conheci algumas flores nalgumas das quedas que dei na vida. Olhei-as, conheci-as, e abracei-as. Foram quedas que aconteceram no sítio certo e na hora certa. As minhas flores fizeram de mim uma pessoa melhor e todos estes sentimentos que hoje moram em mim, foram elas que me deram e que me ajudaram a descobrir!
É bom ter um fiel jardineiro que cuide de nós, que se preocupe connosco…mas também é maravilhoso desempenhar o papel de fiel jardineiro e ter o prazer de ter flores a quem dar carinho. É uma recompensa mais que suficiente. Nos dias mais cinzentos, basta lembrar-me delas e logo nasce um sol no meu olhar. Um sol que é só meu – porque mais ninguém o consegue sentir –, que me ilumina a alma e não permite que no meu coração se faça noite! Afinal, as minhas flores ainda precisam de cuidados… não as posso, nem quero, ver tristes.
Um fiel jardineiro, aconteça o que acontecer, nunca abandona a sua flor.
E assim sou eu, uma fiel jardineira, que nunca há-de deixar de cuidar das suas flores predilectas, assim elas o queiram!


Este texto tem a ver com o dia da mãe – embora possa não parecer!
Uma mãe tem a função de ser uma fiel jardineira para as suas flores.
Assim como eu me sinto uma fiel jardineira para os meus amigos, uma mãe também o é para os seus filhos.

Sei que já o disse milhões de vezes, mas faço questão de repetir: és uma mãe extraordinária, uma jardineira docemente fiel e dedicada. Parabéns!
Sei que, tal como eu, Tu também temes que um dia as tuas flores deixem de precisar de ti.

No meu caso, eu corro esse risco porque não fui eu que plantei as minhas flores… eu apenas as achei e decidi tentar cuidar delas, o melhor que sei e posso.

Já no teu caso, foste Tu que semeas-te as tuas flores e, por mais que elas cresçam, elas irão precisar dos teus cuidados eternamente. Numas alturas precisarão de ser regadas e tratadas com mais frequência e atenção, noutras alturas com menos, mas não há flor que sobreviva sem cuidados durante muito tempo.

Mais cedo ou mais tarde, acabam sempre por se aperceber que a chuva do Inverno não é suficiente para lhes matar a sede o resto do ano…

Garanto-Te.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Teatro


Hoje é o teu dia, meu eterno amor…
Peço-te desculpa por ultimamente estar tão afastada de ti, confesso até que te tenho evitado! Não me leves a mal, é que perante toda a tua história de vida e toda a tua grandeza, sinto-me insignificante. Quando estou contigo sinto as tais borboletas na barriga e perco a certeza dos meus sentimentos por ti!
Se não te tenho anseio-te, mas se te tenho fujo…
Uma coisa posso-te garantir: nunca o meu amor, a minha paixão e o meu respeito por ti se irão desvanecer.
Espero um dia sentir-me merecedora da tua companhia e, então, contigo conseguir criar belas historias – que contribuam para enriquecer, ainda mais, a tua historia –, e que mexam com o coração e com a vida das pessoas, que nos presentearem com as suas presenças.
Porem, como a vida nem sempre corre como nós queremos, caso todos estes meus desejos não se venham a concretizar, prometo que, embora de longe, o meu olhar atento e os meus aplausos acompanharam todos os teus passos!
Parabéns meu amor, teatro!

Da tua eterna admiradora e apaixonada Patricia Resende

quarta-feira, 26 de março de 2008

Que idiota!!!!!

Tenho uma amiga que está a atravessar uma fase complicada. Já há algum tempo que não tinha notícias dela, até que, esta manhã, ela me enviou uma mensagem, a desejar-me um dia feliz. Fiquei radiante ao ler aquelas poucas palavras, pois, por norma, as mensagens que dela recebo são apenas respostas às que eu lhe envio. De maneira que fiquei verdadeiramente feliz pela sua iniciativa. Respondi-lhe de imediato, agradecendo as suas palavras e perguntei-lhe como estava…ao que ela me respondeu que estava bem.
Eu, Flor Beatriz, em vez de me satisfazer com aquela resposta, como faria qualquer outra pessoa, não. Armei-me em super mulher! Comecei a pensar nas mensagens, que essa minha amiga me enviou, e então, com o meu sexto sentido apuradíssimo – como sempre –, fiquei com a sensação que ela não estava tão bem como quis fazer parecer. Deduzi que, talvez, precisasse de uma amiga a seu lado, mesmo que fosse, apenas, para partilhar uns escassos minutos de silêncio.
Assim, depois do almoço, apanhei um táxi rumo à escola onde ela dá aulas. Quando lá cheguei, perguntei por ela e uma auxiliar retorquiu-me que ela se encontrava numa reunião. Sentei então num banco do refeitório há sua espera. Entretanto, passado pouco tempo, ela chegou. Dei-lhe um forte abraço e tentei perceber como estava o seu estado de espírito, na realidade. Claro que, para não variar, ela vestiu o seu melhor sorriso e reforçou a ideia de que estava tudo bem. Trocámos mais meia dúzia de palavras e ela acabou por dizer que tinha mesmo de ir para casa, e assim foi. Ela foi para casa e eu fui à procura do café mais próximo para me refazer daquela situação!
Após me despedir dela, fui invadida por uma sensação de vergonha, pela figura que tinha acabado de fazer. Senti-me uma perfeita idiota e fiquei cheia de raiva de mim mesma, por estar constantemente a dar mais do que me pedem… Porquê?! Se ninguém faz isso comigo, porque é que teimo sentir a dor dos outros?! Porque é que não fiquei na minha casinha, deitada no sofá a ver televisão?!
Nunca te aconteceu isto? Tomares uma iniciativa, agires com a melhor das intenções e depois sentires que de nada te valeu? Sentires que o passo que deste foi estupidamente em vão e que mais valia teres feito como todos os outros: fingir que tudo à volta corre bem! Pior do que isso, acabares por sentir que o motivo que te levou a dar aquele passo, que transbordava boas intenções, perdeu completamente a razão de ser… a ponto de tu própria te questionares o porquê de o teres dado!
Nunca te aconteceu isto?
Olha, a mim já me aconteceu.
Passa a vida a acontecer-me – esse é que é o problema!
De cada vez que isto me acontece, juro sempre que aquela será a ultima vez que me armo em boa samaritana. Mas acabo sempre por cair na tentação e lá se vai de novo o meu pobre coração. Se soubesses como ele fica depois destas quedas… fica partido em pedacitos tão pequenos, tão pequenos, que depois para os achar é um caos! Já para não falar no trabalhão que tenho para o montar. Às vezes leva meses e mesmo assim fica sempre uma brecha por tapar.
Mas, mais cedo ou mais tarde irei aprender a lição…
Ou será que não tenho emenda?!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Está tudo dito(meu amor)

"Então está tudo dito,meu amor...
Por favor não penses mais em mim
O que é eterno acabou connosco
E este é o principio do fim!

Mas sempre que te vir eu vou sofrer
E sempre que te ouvir eu vou calar
Cada vez que chegares eu vou fugir
Mas mesmo assim amor, eu vou-te amar

Até ao fim do fim, eu vou-te amar!

Então está tudo dito, meu amor...
Acaba aqui o que não tinha fim
Para ser eterno tudo o que pensámos
Precisava que pensasses mais em mim!

Para ti pensar a dois é uma prisão
Para mim é a unica forma de voar
Precisas de agradar a muita gente
Eu por mim, só a ti queria agradar...

Mas sempre que te vir eu vou sofrer
E sempre que te ouvir eu vou calar
Cada vez que chegares eu vou partir
Mas mesmo assim amor, eu vou-te amar...

Até ao fim do fim...eu vou-te amar!"


Nunca antes tinha postado neste blog um texto ou um poema que não fosse de minha autoria mas, por força das circunstancias, quebro a rotina. Tudo porque este poema diz tudo o que há para ser dito, e eu nunca iria conseguir, sequer, aproximar-me desta descrição pura, simples e perfeita.
É atraves deste poema - perfeito - que inicio e termino o meu luto de amor!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

A tristeza hoje morreu...!

O Sol desta recém-nascida manhã matou a tristeza, sem que, esta, tivesse tempo, sequer, de se defender. Ele nasceu e, com os seus raios intensamente brilhantes, fê-la desaparecer! Com a tristeza morreram, também, as lágrimas, as mágoas e os medos. Por sua vez, os raios de Sol cintilantes alimentaram-me de prazer o olhar e, este, enviou a mensagem à minha alma. Esta, revigorada de beleza, fez-me sorrir dos pés à cabeça!
Nunca pensei que esta estrela tivesse tanto poder, mas ainda bem que assim é, pois, graças a este crime perfeito, hoje, sou alguém mais afortunado. Sinto-me em paz, iluminada e livre.
Hoje é o dia perfeito para as pessoas – principalmente as sós/sozinhas/solitárias – pararem…olharem…sentirem…e sorrirem!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Anabela's

Anabela talvez tenha sido a pessoa mais misteriosa que já conheci, até hoje. Devido a esse mistério, sinto uma certa dificuldade em descrevê-la. Mas, vou tentar fazê-lo, pois acho que, esta, é merecedora da pseudo análise, que com o passar do tempo, fui tentando fazer sobre ela!
Quando a conheci, Anabela devia estar na casa dos trinta. A primeira coisa que fez recair a minha atenção sobre ela, foram as suas vestes. Esta usava, habitualmente, umas primorosas roupas, dignas de uma verdadeira preceptora! Vestidos de peitilho; camisas a fazer panda com uns pequenos, e mimosos, casaquinhos; sapatos de meio salto e, muitas vezes, um travessão, que abraçava, graciosamente, os seus cabelos encaracolados. Estranhei as suas roupas pelo facto de ser pouco comum, vermos uma senhora da sua idade, trajar-se deste modo. Mas, rapidamente, essa estranheza desapareceu, dando lugar a uma nova inquietação.
O seu olhar era, aparentemente, vazio, sem brilho, sem emoções… O sorriso, que raramente se desenhava no seu rosto, também esse era contido – quase imperceptível. As palavras que os seus lábios articulavam, pareciam escolhidas ao pormenor. Anabela possuía ainda, um andar extremamente elegante e cuidado. Este conjunto de factores, foram os responsáveis pela conclusão que tirei, da minha primeira impressão. Anabela era, a meu ver, a rainha do auto controlo. Nem por um minuto, sequer, esta, deixava transparecer qualquer tipo de expressão, ou movimento, diferente destes que acabei de descrever. Não se fazia sentir, nesta mulher, um único acto espontâneo – no entanto, sempre me pareceu uma pessoa verdadeira, dentro de toda aquela armadura que, dia após dia, Anabela vestia!
Como é natural, em mim, não me contentei com esta primeira impressão. Eu sabia que tinha de haver uma explicação para toda aquela aparência, exageradamente racional. Disfarçadamente, fui dispensando grande parte da minha atenção, àquela “mulher mistério”.
Foi então que, a minha sensibilidade me disse que, Anabela era uma pessoa tímida, que enfrentava alguns momentos de solidão, que resultavam numa ligeira tristeza. Uma mulher carente de afectos, que para se proteger do mundo ( que muitas vezes a magoava), ou talvez, até, para se proteger de si mesma, obrigou-se a ser um pouco fria.
São, para mim, estes os motivos da tal postura de extremo auto controlo, que sempre vi em Anabela. Se este meu diagnóstico é, ou não, a alma gémea da postura que Anabela mostra ao mundo, sinceramente não o posso garantir. Mas, de uma coisa tenho a certeza. Anabela tem um Ser maravilhoso, abrigado dentro de si. Existe, nela, muitas coisas bonitas, para partilhar com o mundo – do qual ela foge! Amor, carinho, ternura, amizade e sabedoria – com toda a certeza -, são uma dessas coisas bonitas…
Acalma-me acreditar que, um dia, alguém (especial o suficiente para perceber o Ser bonito que Anabela é), consigo se irá cruzar, e então, a irá convidar para, a seu lado, ir conhecer este jardim florido e perfumado, que é a vida!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Boas e velhas recordações, amigas


Encontrava-me eu, numa estação de metro, a caminho do Teatro Municipal São Luís – o meu local de trabalho, actual -, quando me cruzei com uma antiga colega de escola, Sara Brás.
Sara – talvez quatro anos mais nova que eu -, partilhava comigo, ocasionalmente, os curtos intervalos entre uma aula e outra. Esses escassos minutos eram preenchidos a jogar pingue-pongue. Foi com ela que desenvolvi o meu gosto por este pacato desporto. Nunca tecemos grandes diálogos, mas esta, sempre me pareceu uma jovem simpática e simples.
Começamos, timidamente, a conversar. Soube, então, que ela, actualmente, frequenta as aulas de piano, no conservatório de música, e que está a concluir o décimo segundo ano. Eu contei-lhe que, de momento, estava a fazer uma peça de teatro e que tinha retomado os estudos. Sara mostrou-se, como antigamente, simpática, demonstrou-me a sua satisfação por eu continuar a fazer o que gosto, e encorajou-me a não desistir novamente dos estudos.
O seu olhar sereno e a sua maneira de falar tranquila, ofereceram-me uma certa paz interior e um sorriso saudoso… Foi bom ter-me cruzado com ela, embora nunca tenhamos sido grandes amigas, neste encontro relâmpago, foi essa a sensação que me deu, sentia como uma velha e boa amiga.
Depois de nos despedirmos, lembrei-me da sua mãe, que na altura em que eu frequentei aquela escola, fazia parte da direcção do Conselho Executivo. Tive o prazer de a ter como professora de História, no meu oitavo ano. Sem duvida, que, Lurdes Brás, foi a professora mais original que tive, em todos estes anos escolares! As suas aulas eram super divertidas, com um intenso toque teatral, para meu espanto – pois até à data, estava habituada a assistir a uma aulas de História entediantes. Lurdes era, simultaneamente, encenadora e actriz nas suas aulas. Encenava qualquer matéria e desempenhava todo o tipo de personagens que esta contivesse. Era desta forma que ela captava toda a atenção dos seus alunos, e também, toda a admiração dos mesmos.
Uma mulher extraordinária, sem duvida. Ao mesmo tempo que desempenhava, eximiamente, as árduas funções – que lhe competiam como elemento do conselho executivo e como professora –, esta, quando necessário, despia essa farda, transformando-se numa fantástica conselheira – amiga!
Não é de estranhar que, Lurdes Brás, seja alvo de uma enorme admiração, e de um terno respeito, consensual – quer da parte dos alunos, quer da parte dos professores!

Como é bom terminar o meu dia com recordações tão boas, como estas.
Foi um prazer…
Obrigada Sara, por uns minutos, minha velha e boa amiga!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

“ (…) Órfã de pais vivos (…)”

“ (…) Órfã de pais vivos (…)”
Não sei precisar se li, ou se ouvi, esta frase. Apenas sei que esta nunca mais me saiu da cabeça. Em primeiro lugar, porque é uma frase poeticamente muito bonita, mas principalmente, porque me soa a familiar.
Embora saiba que os meus pais me amam, muitas vezes sinto-me órfã, de ternura, amor, acolhimento. Eles não sabem expressar o amor que me têm – porque têm, pois este é inerente ao sangue que nos une. Ás vezes, nas poucas noites em que nos encontramos os três juntos, sinto que eles até gostariam de demonstrar, em gestos, que são meus pais, mas raras são as vezes que o conseguem. Há qualquer coisa que trava os seus carinhos. Um desses impedimentos, por vezes sou eu, que por falta de hábito os renego. É com alguma estranheza, e também com muitas defesas, que poucas vezes deixo que qualquer gesto mais caloroso entranhe em mim.
Ao pensar mais seriamente nesta situação, deduzo que será por medo de um dia poder vir a sentir falta destes sentimentos e não os encontrar, então penso, se não os conhecer, não poderei sentir a falta dos mesmos.
Quantas vezes me apeteceu cuidar dos meus progenitores...
Quando vejo o meu pai mais em baixo, muitas são as vezes em que me apetece ser mais que sua filha de sangue, desejo ser sua amiga e ganhar coragem para o aconselhar, o beijar, e dizer que gosto dele, que tenho muito orgulho pela sua força de vontade. Mas não consigo, tenho medo que toda esta ternura seja por si renegada ou incompreendida.
Quando vejo a minha mãe doente, com dores e sinto a infelicidade nos seus olhos, só me apetece sentá-la ao meu lado e despejar em cima do seu coração todo o amor que tenho guardado em mim, e que lhe pertence. Mas nem um único gesto meu é valente o suficiente para desobedecer ao meu medo de rejeição. Nem uma única palavra foge do meu coração, nem uma.
Tenho tanto medo de nunca ganhar coragem, para lhes demonstrar que sou de facto mais que uma filha de sangue, para lhes dizer que o meu amor também os abraça a eles.
Por culpa deles – e das suas infâncias pouco sorridentes e calorosas.
Por culpa minha – de ter herdado as consequências das suas infâncias infelizes, sem sequer as questionar ou de lhes ensinar outra forma de viver.
Toda esta situação, por vezes, faz-me sentir órfã de pais vivos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

"(...)unicas para alguém(...)"

Acordei com os raios de Sol subtilmente a beijarem-me os olhos.
Com a ajuda de um programa televisivo, lentamente fui despertando, mas a preguiça de ir viver só me abandonou quando nesse mesmo programa, a apresentadora e uma psicóloga começaram a tecer uma conversa, cujo tema era “ Como educar um filho”.
Aumentei o som da televisão e concentrei-me nas suas palavras. Essa mesma conversa dividia-se em vários tópicos, entre eles estava presente “ Demonstrar confiança nos filhos”. Quando estas começaram a filosofar sobre este tópico, a tal psicóloga declamou uma frase, que semeou em mim uma ligeira curiosidade de ir espreitar a vida.
“ As pessoas precisam de se sentir especiais e únicas para alguém, nem que seja para uma única pessoas”. Foi esta a fase que resgatou uma parte de mim e a ofereceu ao dia primaveril que se fazia sentir.
Não quis pensar muito sobre a questão de eu ser, ou não, única para alguém, pois ao ouvir aquelas palavras magicas, estampou-se, de imediato, um sorriso na minha alma – sorriso que à muito não dava sinais de vida.
Esse sorriso, singular, bastou-me para ganhar forças, e enfrentar mais um pôr-do-sol!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sabores da vida

Já me encontro perdida à tempo de mais. Perdida do mundo, da vida, perdida de mim mesma.
É num vazio que acordo todas as manhãs e é nesse mesmo vazio que me deito todas as noites. E quem me dera que todas estas palavras bordadas de solidão fossem apenas isso, apenas palavras, mas não são… Estas têm um peso desolador no meu dia-a-dia, estão presentes em cada suspiro meu, em cada passo que dou, em cada palavra que não escrevo!
Toda esta inquietação toma proporções ainda maiores pelo facto de eu não a dividir com ninguém. Não o faço por não ter amigos – porque os tenho, bem guardados no meu coração _, mas sim, porque julgo que eles não sobreviveriam à inquietação que neste momento mora em mim. Se soubesse que toda ela se desvanecia com um bom conselho até lhes pediria socorro, mas por experiência própria sei que a minha cura não está nos seus conselhos, mas sim em mim. À uns anos atrás padeci destes mesmos sintomas, recorri a alguns amigos e de nada, ou de muito pouco, me valeu. Fui eu que, como por magia, me ressuscitei da solidão que me matava, provando finalmente o sabor da vida – até então uma estranha para mim. Descobri os seus sabores, por vezes é amarga como o limão, outras vezes doce como o chocolate e ainda outras vezes esta presenteia-nos com um sabor agridoce como a tangerina. O meu corpo e a minha alma nunca outrora tinham provado qualquer tipo de sabor da vida, foi sem duvida uma descoberta magnífica, a maior descoberta que fiz até hoje!
Mas, infelizmente, o meu coração descarrilou dessa linha da vida e voltou a cair na vala sombria e triste do passado. Tornei a alimentar-me, apenas, de momentos neutros. Neste momento sobrevivo das minhas lágrimas com um forte travo a nada. Longe vai o tempo em que eu me aconchegava de sentimentos bonitos, e os sabores que um dia a vida me deu a provar, esses, voltaram a ser uns estranhos para o meu coração.
O vazio voltou a reinar em mim.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Vou contar um segredo

Sozinha,
Sentada numa das quatro cadeiras que rodeiam a mesa, que neste momento serve de apoio ao seu pequeno bloco, onde_como de costume_ descarrega a sua solidão!
Uma mesa recheada de chávenas de café_já bebido_, e de migalhas.
Uma mesa recheada de vida, vida que não foi ela que viveu.
Ocupou o pouco espaço que sobrava dessa mesma mesa com uma garrafa de àgua natural, e com um telemovel_que por motivo nenhum toca...
O seu corpo morto de vida sentou-se numa das tais cadeiras, e numa outra encontra-se a sua mala carregada, de nada!
Olha em frente.
E vislumbra pela janela um pedaço de lisboa.
Um pedaço velho e melancolico, que faz com que ela se aperceba do peso pesado que está o seu coração, nesta tarde nublada e deserta de carinhos!
Olha para o lado direito.
Vê livros amontoados uns em cima dos outros.
Livros com preço reduzido, que por não serem tão populares, por não serem tão procurados como outros, foram postos de lado.
Perderam o valor...
Pensa para si que, ela própria, poderia ser um daqueles livros.
Abandonada.
Sem procura.
Sem um olhar verdadeiramente interessado!
Desvia então o seu olhar para o lado esquerdo.
Deparasse com um balcão de café.
Mas, o que capta a sua verdadeira atenção, são os dois rapazes que estão por detrás dele.
Têm um ar tão desmotivado, parecem máquinas pré-programadas.
E esta é apenas mais uma cena que só serve para lhe relembrar o seu estado actual.
Também ela, aos olhos dos outros_ e aos seus_,parece um robô, sentada naquela cadeira, a escrever sem parar.
Sem expressão.
Vazia de emoção...
Olha para si.
Solidão!
Se ela olhar para si, e for verdadeiramente franca consigo mesma, ela que está ali sentada, é solidão.
Abandono.
Tristeza.
Mágoa.
Solidão...
Tudo o que os outros não querem ver, é o que ela é neste momento!
As pessoas deviam os seus olhos dos dela.
O seu olhar vazio, e o seu andar solitário, assusta-as de mais.
(Vou contar um segredo, sinto que a ela também lhe assusta!
E muito, muito mesmo...)
Um telemovel que não dá sinal de vidas.
Uma mala carregada de nada que lhe devolva a esperança, nada que lhe acorde o sorriso.
Uma garrafa de àgua que, por mais que beba, não lhe mata a sede de tristeza, não lhe lava a alma magoada e dorida.
Olha para tràs.
Vê a porta de saida.
E pensa:
"Saída para onde?!
É para lá que vou, para onde não sei, mas vou...
Já fui tantas vezes para "não sei onde"...
Mas vou contar um segredo.
Tenho medo, muito medo mesmo"

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

ALVORADA

A manhã hoje
Nasceu nublada,
Mas abracei-a
Com um trémulo sorriso…
Ela compreendeu e,
Abraçou-me também,
Retribuiu-me o sorriso
E ofereceu-me um Sol brilhante!
Sorrimos os dois,
Passeámos os dois,
Cantarolámos os dois,
Amámo-nos os dois…

A noite chegou
E ele despediu-se de mim, disse:
“Amanhã voltarei outra vez,
E outra, e outra vez.
E sempre que precisares de mim,
Basta sorrires assim…”

DEVANEIOS

Pára de fingir que a vida te corre bem,
Tu podes sorrir, podes amar
Mas não te é proibido chorar nem sofrer
Se te apetece gritar
Porque esmagas o teu coração
Quando ele te pede para morrer...
Deixa-o despir-se das magoas do passado
E chorar chorar chorar
Até te cortar a respiração
Verás que quando ele ressuscitar
A tua vida terá um arco-íris
E a chuva não te entristecerá
Pelo contrário,
Não vais conseguir parar de encontrar girassóis
Muitos, seja qual foi o caminho que percorras
Irás sentir vida, alegria, nostalgia
E com estes três ingredientes
Vais ter o prazer de descobrir o melhor sabor do mundo
O sabor do EXISTIR

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Oasis de palavras...P'ra Vós

As palavras bonitas
Não têm povoado o meu coração,
A minha inspiração...?

Queria ter conseguido passar para o papel
Os sonhos que povoam o meu pensamento,
Queria tê-los partilhado com os que amo,
Mas não consegui,não consigo...

Fez-se deserto em mim.

Ando agora, à procura de um osasis,
O oasis que me libertará,
Que libertará as minhas palavras...
Os meus sonhos!

Quando o encontrar,prometo-Vos
Que serão os primeiros
A beber das minhas palavras,
As mais puras...

Eu regressarei para Vos matar a cede,
Dêem-me apenas uns breves momentos de solidão,
Ela ajuda-me sempre a encontar oasis de palavras!

Bailado dos sentimentos

Sinto a dançar no meu coração
A solidão e a saudade,
Produzindo nele uma tal agitação
Que me viola a alma...

Rouba-me o chora,
Abafa-me o riso,
Esborrata-me o sorriso...

Vou dormir,
Por uma horas, a solidão deve desaparecer,
E com alguma sorte amanhã, talvez
Ela se esqueça de aparecer!

Sol...

A arvore estava perfeitamente iluminada
Pelo Sol desta tarde tão fria,
Fez então acontecer um sorriso
Na ausênte alma fugidia.

O Sol é realmente
A alma gemea de qualquer solidão,
Juntos eles são serenidade,
Calam a tristeza e ressuscitam a felicidade.