segunda-feira, 5 de maio de 2008

Chagas



Hoje acordei com saudade de amar
Abri a porta, sai para a rua
Corri pela cidade de Lisboa
Com a alma completamente nua.

Procurei calor
No bêbado caído na esquina
Procurei o abraço
Na mais humilde varina

Nada encontrei
Nada eu vi,
Apenas lágrimas achei
Apenas lágrimas senti

Lágrimas de fulgor
Lágrimas de paixão
Lágrimas de amizade
Lágrimas de solidão…

Lancei-me ao Tejo e,
Como bom português que é,
Acolheu-me com um abraço
Quem sabe com um beijo

Ali ficámos, calados
Alguns minutos
Quem sabe horas
Ou até mesmo dias…

Não sei nem preciso saber
Sei apenas que de tanto chorar
A dor que guardava no peito
Se fez desaparecer!

A minha mente ficou vazia,
Como se eu tivesse acabado de nascer
Tudo o que sempre desejara
Estava a acontecer:
Não sentia, não recordava
Não ouvia meu coração bater.

O sol brilhava tanto naquela manhã
Como nunca outrora vi,
Gaivotas sobrevoavam-me
Pareciam dançar para mim.

Quando me apercebi
Estava a ser levada pelo Tejo,
Estava novamente a ser violada,
Mas que podia fazer?

Nada: não sentia, não recordava
Meu coração não batia…
Só minh’alma falava, mas de que me servia?
Ela chorava mas minha mente não respondia.

Mais uma vez abusada
Mais uma vez sofrida
Mais uma vez desapontada
Mais uma chaga na vida!

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