quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sabores da vida

Já me encontro perdida à tempo de mais. Perdida do mundo, da vida, perdida de mim mesma.
É num vazio que acordo todas as manhãs e é nesse mesmo vazio que me deito todas as noites. E quem me dera que todas estas palavras bordadas de solidão fossem apenas isso, apenas palavras, mas não são… Estas têm um peso desolador no meu dia-a-dia, estão presentes em cada suspiro meu, em cada passo que dou, em cada palavra que não escrevo!
Toda esta inquietação toma proporções ainda maiores pelo facto de eu não a dividir com ninguém. Não o faço por não ter amigos – porque os tenho, bem guardados no meu coração _, mas sim, porque julgo que eles não sobreviveriam à inquietação que neste momento mora em mim. Se soubesse que toda ela se desvanecia com um bom conselho até lhes pediria socorro, mas por experiência própria sei que a minha cura não está nos seus conselhos, mas sim em mim. À uns anos atrás padeci destes mesmos sintomas, recorri a alguns amigos e de nada, ou de muito pouco, me valeu. Fui eu que, como por magia, me ressuscitei da solidão que me matava, provando finalmente o sabor da vida – até então uma estranha para mim. Descobri os seus sabores, por vezes é amarga como o limão, outras vezes doce como o chocolate e ainda outras vezes esta presenteia-nos com um sabor agridoce como a tangerina. O meu corpo e a minha alma nunca outrora tinham provado qualquer tipo de sabor da vida, foi sem duvida uma descoberta magnífica, a maior descoberta que fiz até hoje!
Mas, infelizmente, o meu coração descarrilou dessa linha da vida e voltou a cair na vala sombria e triste do passado. Tornei a alimentar-me, apenas, de momentos neutros. Neste momento sobrevivo das minhas lágrimas com um forte travo a nada. Longe vai o tempo em que eu me aconchegava de sentimentos bonitos, e os sabores que um dia a vida me deu a provar, esses, voltaram a ser uns estranhos para o meu coração.
O vazio voltou a reinar em mim.

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